terça-feira, 16 de agosto de 2011

Especialista em cibercultura, o francês Pierre Lévy critica intenção inglesa de controlar redes sociais e fala sobre o futuro dos livros

Para as discussões da nossa disciplina sobre fontes de informação e outras também, vale a pena ler a entrevista de Pierre Levy que discute sobre cibercultura e o poder das palavras na cibercultura. A entrevista nos fornece elementos para uma reflexão acerca da escrita, dos suportes, das fontes de informação e principalmente do papel de todos os profissionais de informação. Boa leitura e deixe o seu comentário!!!
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Há 20 anos, quando a maioria da população do mundo não tinha a menor ideia do que era a internet, o filósofo francês Pierre Lévy já estava de olho no futuro, com seus estudos sobre cibercultura e inteligência coletiva. Hoje, Lévy é uma referência, um estudioso cujas pesquisas ajudaram no desenvolvimento de ferramentas fundamentais para muitos de seus críticos do passado - entre eles, um bom número de jornalistas -, como a Wikipedia e as redes sociais. Atualmente morando no Canadá, onde leciona na Universidade de Ottawa, esse profeta digital está a caminho do Brasil, para participar, no dia 25, às 19h30m, de um debate ao lado de Gilberto Gil, sobre o tema "o poder das palavras na cibercultura", no Oi Futuro Flamengo. A mesa faz parte da programação do projeto Oi Cabeça e tentará responder à difícil questão sobre o espaço que a escrita ocupa na esfera digital.Em entrevista por telefone ao GLOBO, Lévy falou do uso das redes sociais, do futuro das mídias tradicionais, de como o preconceito contra a internet foi sendo modificado ao longo do tempo e do trabalho para desenvolver a Information Economy Meta Language (IEML), uma nova linguagem para a web à qual ele vem se dedicando nos últimos anos. 
Enquanto conversamos, o primeiro-ministro David Cameron sugere que a Inglaterra crie alguma forma de controle das redes sociais, a fim de evitar as manifestações vistas na semana passada. O que o senhor acha da ideia?
PIERRE LÉVY: É uma sugestão bastante absurda. É a grande maioria da população inglesa que usa as redes sociais, e não apenas
Pierre Lévy
uma pequena quantidade de criminosos. Além disso, os criminosos usam as estradas, os telefones, qualquer forma de se encontrar ou de se comunicar. Não há nada específico que justifique responsabilizar as redes sociais. Sou contra qualquer tipo de censura na internet, tanto política quanto de opinião. E vale lembrar que a polícia também pode se utilizar das redes sociais para encontrar os criminosos. A mídia social pode ser uma ferramenta de combate ao crime como qualquer outra.
A intenção de Cameron lembra críticas feitas contra a cultura digital há quase 20 anos. Naquela época, em suas palestras, o senhor dizia que o preconceito das pessoas contra a cibercultura se assemelhava ao preconceito contra o rock'n'roll nos anos 1950 e 1960. Alguma coisa mudou?
PIERRE LÉVY: Sim, houve mudanças. Naquele tempo, as pessoas diziam que a internet era uma mídia fria, sem emoções, sem comunicação real. Mas hoje, com a mídia social, as pessoas compartilham músicas, imagens e vídeos. Há muitas emoções circulando nesses espaços de comunicação. O que acontecia antes era que as pessoas não sabiam do que estavam falando. O preconceito, na maioria das vezes, é gerado pela ignorância. Até mesmo com vocês, jornalistas, isso mudou. Eu lembro bem que naquela época os jornalistas tinham todo o tipo de preconceito com a comunicação digital, e hoje todos estão usando essas ferramentas.
Mas alguns grupos de entretenimento e mídia ainda tentam controlar e restringir as possibilidades da internet, sob o temor de perder rentabilidade que tinham com a venda de CDs, DVDs ou publicações impressas. O que o senhor acha que vai resultar desse embate?
PIERRE LÉVY: O problema principal é que, antes da internet, todas essas empresas vendiam informação através de suportes materiais. Só que, já um pouco hoje e certamente no futuro, não haverá suportes físicos para levar a informação. É preciso se adaptar de uma situação em que se distribuíam e vendiam objetos físicos até outra, em que se distribui e se vende informação na rede. É uma transição enorme, e é provável que muitas dessas companhias não sobrevivam à necessidade de sair de uma era em direção à outra. Há milênios, muitos dinossauros morreram numa transição parecida. 
O senhor está dizendo, então, que os grupos de mídia são dinossauros?
Os grupos de mídia que não se adaptarem ao novo momento, em que as comunicações são completamente descentralizadas e mais distribuídas, serão dinossauros e vão morrer.
Mas o que vai substituir a maneira como consumimos notícias hoje?
Eu acho que as notícias serão consumidas através das redes sociais, como Twitter, Facebook ou Google+. A mídia social permite que você escolha suas fontes e ordene suas prioridades entre as fontes. Você pode personalizar a forma como vai receber as notícias. Será assim no futuro: o usuário terá a habilidade de priorizar as fontes e os temas e escolher deliberadamente o que ele quer saber. Será uma atividade que a próxima geração já vai aprender a fazer nas escolas.
Alguns críticos, porém, costumam dizer que as ferramentas de internet que temos hoje não permitem um acesso democrático à informação. O Google, por exemplo, cria um ranking de resultados que de certa forma guia sua busca...
Espera um pouco. Você não pode acusar o Google de não ser democrático. O Google não é um governo, é uma empresa. Ele lhe oferece um serviço, e ele vende anúncios que serão vistos pelo usuário para se manter. Essa discussão não passa por democracia. O que eu posso dizer é que o ranking formado pelos algoritmos do Google é bastante primitivo. São mínimas as possibilidades de personalização de seu ranking. No futuro, especialmente graças a meu IEML (risos), todos poderão ser capazes de organizar sua própria ferramenta de busca de acordo com suas prioridades. Hoje, o Google praticamente oferece um mesmo serviço para qualquer tipo de pessoa.
Em que ponto estão as pesquisas do IEML?
Eu publiquei neste ano o primeiro volume, "La sphère sémantique", e agora estou trabalhando no segundo volume. O volume 1 é sobre a origem filosófica e semântica da linguagem. Já o volume 2 vai trazer um dicionário e explicar como utilizá-lo. Deve ser lançado no ano que vem. É um projeto longo, não dá para esperar ferramentas práticas nos próximos meses, mas espero que nos próximos cinco anos possamos ver algumas aplicações.
Que aplicações o senhor espera?
O argumento principal é o da interpretação coletiva da web. É difícil dizer exatamente que tipo de aplicação. A ideia é dar às comunidades uma representação científica de seu próprio processo de comunicação. Ele poderá se assemelhar a um grande circuito de conceitos, onde você observa a circulação de emoções e atenções. Isso poderá ser utilizado para marketing, educação, comunicação e pesquisa, por exemplo. Será uma nova forma de representar a relação entre conceito e ideias na internet. O sistema de escrita que usamos hoje na web é desenhado para mídia estática. Nós ainda temos que desenvolver sistemas simbólicos de escrita que sejam capazes de explorar todas as capacidades de um computador.
O senhor usa bastante as redes sociais?
Sim, estou no Twitter, no Facebook, no Google+ e em muitas outras. Mas não recomendo isso para ninguém, é preciso muito tempo para acompanhar tudo. Eu estou em tantas redes porque é meu trabalho, preciso saber do que estou tratando. Entre todas, o Twitter é a de que mais gosto, porque ele é prático e rápido para receber e procurar informações.
Quanto tempo por dia o senhor passa conectado?
Eu fico praticamente o tempo todo conectado. Consulto enciclopédias e dicionários na internet. Ouço rádios on-line. Acho que só não estou conectado quando estou dormindo. Mas, em relação a trocar e-mails e mensagens através de redes sociais, passo de uma a duas horas por dia nessas atividades. E não assisto a TVs nem leio jornais em papel. Só leio notícias na internet.
E livros em papel?
Eu tenho um tablet, mas estou velho e ainda prefiro ler livros no papel. Certamente, no futuro, a grande maioria dos livros será lida nos tablets ou em periféricos como o Kindle, muito pela possibilidade de interatividade. Os livros passarão a ser escritos dessa forma, com esse objetivo.
No Rio, o senhor vai participar de uma mesa de debate com Gilberto Gil. O senhor conhece a obra dele?
Eu já me encontrei com o Gil pessoalmente. Ele é um grande músico, um grande artista. Mas, além disso, também é uma pessoa que tem um pensamento bastante instigante sobre as consequências da revolução da mídia e da cultura. Será bom debater com ele.  
Fonte: O Globo (André Miranda ), 16/08/11
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20 comentários:

  1. Fica claro que Pierre Lévy,defende e muito o uso das redes sociais como fontes de informação,e a internet como forma rápida,eficiente e atualizada de se estar informado com os fatos que ocorrem no mundo,além d ese encontrar tudo o que você pesquisa.Achei interessante uma resposta dele em que ele diz que no inicio todos criticavam o aparecimento da internet,e que hoje esta passou a ser indispensavel no coditiano dessas mesmas pessoas que a criticaram,ou seja elas tiveram que se adaptar as mudanças!

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  2. Para ser chamado de profeta digital Pierre Lévy, é um especialista no assunto e sua visão futurista de que as informações serão consumidas através das redes sociais, ao meu ver já está acontecendo nos grandes centros financeiros, pois informação atualmente é poder. E a sociedade precisa se adequar as mudanças tecnológicas para não se estagnar cultural e financeiramente.

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  3. Interessante perceber como a internet hoje essencial para nossas vidas um dia foi palco de grande preconceito, as mídias convencionais tendem a transferir seus produtos para a web o que é uma tendência satisfatória uma vez que antes a pessoa estava limitada a assistir tv ou ler um jornal em um lugar fixo, a possibilidade de obtermos a internet sem fio leva ao consumidor uma nova percepção ao usufruir destes produtos a qualquer momento e lugar. Realmente os meios de comunicação que não se adaptarem estarão correndo o risco de desaparecer mesmo que isto ainda demore algum tempo.

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  5. Estar conectado as inovações oferecidas pela Internet realmente demanda um tempo que a maioria de nós não dispõe.Mas, é fato que nós futuros bibliotecários e atuais profissionais devemos dedicar um tempo maior para estas viagens por esta mídia tão mutante.

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  6. Temos sempre que estar nos adaptando as mudanças, principalmente tecnológicas, pois é um meio de estarmos sempre atualizados e estar por dentro de todos os tipos de informação, a internet proporciona isso de modo eficiente e que futuramente será o principal meio de comunicação usado por todos.

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  7. Pelo fato de que a informação se produz de modo acelerado e vertiginoso , é altamente reconhecido que as redes sociais se tornaram o ápice da preferência populacional cibernética. Tenho receio de que num futuro bem próximo, os suportes físicos ficarão adormecidos, pois as redes sociais estão cada vez mais se multiplicando de maneira ávida, fazendo com que o momento em que vivemos impera transição, adaptação e compartilhamento.E como ele mesmo disse que há muitas emoções compartilhando nesse espaço e quem outrora se mostrava alheio a essa ferramenta, hoje é um grande aliado dela, usufrui de suas facilidades e já faz parte de seu cotidiano.

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  8. As tecnologias de informação e de comunicação abrem novas perspectivas à sociedade do futuro, a internet possibilita hoje uma difusão rápida, através das novas tecnologias de informação e nós os futuros bibliotecários temos que estar sempre conectados a esse mundo virtual cheio de informações.

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  9. Pierre Lévy fala sobre o argumento principal que é o da interpretação coletiva da web. Que a ideia é dar às comunidades uma representação científica de seu próprio processo de comunicação, sendo uma nova forma de representar a relação entre conceito e ideias na internet.
    Será num futuro bem próximo a interpretação coletiva da web?
    Seria interessante ler como foi o debate ao lado de Gilberto Gil, mencionado por ele que Gil é uma pessoa que tem um pensamento bastante instigante sobre as consequências da revolução da mídia e da cultura.

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  10. É fato que as redes sociais são importantíssimas fontes de informação e a visão de Pierre Lévy é sem dúvidas muito além de seu tempo. O questão é que mudanças acontecem sempre e quem não se adequar ficará para trás, porém o que vejo é que mesmo com todo mundo sabendo disso, os passos para a criação de uma legislação que puna os criminosos da internet estão muito atrasados. Falar em censura em pleno século 21 é retroceder. Na minha opinião, o correto seria ensinar nas escolas, tala qual português, matemática... os benefícios e os malefícios dessa tecnologia, evitando assim muitos transtornos e enriquecendo a todos com o que há de melhor nesse meio de comunicação.

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  11. Lévy tinha uma visão futurista de como a internet seria essencial na nossa vida, interessante é saber quanto preconceito ela sofreu no início, e ainda está sofrendo com este tipo de censura que estão tentando colocar na internet da Inglaterra, esta idéia é completamente absurda, é voltar no tempo!

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  12. Interessante a maneira como Lévy defende a internet. Hoje as redes socias são de importancia extrema em nossas vidas. È um dos meios de comunicação mais versáteis que existe. Como disse Lévy no passado ouve muito preconceito mas hoje e dificil ver alguém que não utiliza a internet; esta usada de maneira correta não exite problema nenhum.

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  13. É interessante notar que existem os profissionais que prezam pela tecnologia, nós mesmo sabemos que existem muitos profissionais tradicionais que são sempre resistentes a mudanças principalmente no que diz respeito á internet e redes sociais. Cabe a cada profissional conhecer essas redes e integrar-se para que possa tirar delas o maior proveito possível e ser assaz sensato para discernir o que é relevante e o que é apenas "lixo tecnológico".

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  14. A visao que Pierre Lévy tem sobre a internet e as redes sociais engloba o que todos deveriam ter em mente no mundo em que vivemos atualmente, pois se nao estarmos nos atualizando e criando nossos proprios mecanismos de busca, ficaremos defasados com relação aos outros usuarios, nunca esquecendo que devemos filtrar as informações e observar a veracidade dos conteudos.

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  15. Com uma visão futurista, é possível prever que o papel do bibliotecário será de suma importância na prestação de serviços aos usuários, disponibilizando a informação que seja relevante ao mesmo, de forma concisa e rápida; contando, o profissional, com a interdisciplinaridade, que é um fato que se destaca ainda mais quando se fala em redes socias de informação útil.

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  16. Pierre Lévy nos leva a refletir sobre o futuro de nossa profissão, já que como especialista e com uma visão voltada ao futuro nos aleta que a tendência é de que tudo seje informatizado, inclusive os livros. Diante desta realidade, não podemos ficar de braços cruzados, mas sim cada profissional ter consciência e buscar se adequar aos novos mecanismos, às tecnologias.

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  17. Pierre Lévy retrata uma questão de grande valia,que possibilita uma série de comunicação científica das redes sociais.As redes sociais tem um fluxo de retratações das tecnologias avançadas,isso gera um processo das relações inovadoras.

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  18. Achei interessante o que o Pierre disse sobre alguns grupos de entretenimento e mídia que vendem suportes físicos, eles devem ficar cientes de que precisam passar por essa transição ou vão desaparecer como os dinossauros, assim também somos nós futuros bibliotecários temos que ficar atentos as novas tecnologias.

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  19. Hoje em dia estar conectado à internet é tão comum que passou a ser uma atividade rotineira de todos. A maioria das pessoas acessa serviços como email, redes sociais e site de busca pelo celular, pelo computador de sua casa ou mesmo por uma rede sem fio em locais públicos. Sabemos que a um tempo atrás as coisas eram diferentes, todos nós recordamos as primeiras vezes em que tivemos acesso a internet, enquanto hoje as crianças ja crescem acostumadas com ela. Os tempos mudaram, a cabeça das pessoas mudou, acredito que novos conceitos sempre são um pouco rejeitados a princípio, porém as pessoas hoje têm a cabeça mais aberta e recebem melhor novas tecnologias. Acredito que sensurar o acesso das pessoas à internet não é uma solução válida, isso inibe a criatividade e retarda a evolução. Acredito que se deve adotar uma postura de educar as pessoas e explicar os perigos da convivência em rede!

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  20. A internet é essencial para nossa vida particular e profissional. O especialista em cibercultura Pierre Lévy tem uma visão muito e clara e eu concordo que a sociedade precisa cada vez mais de tecnologia para seu crescimento.

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