domingo, 15 de maio de 2011

Especialistas discutem os desafios para formação de leitores diante dos novos suportes

Fonte da imagem: http://www.cristovam.com.br


Se a literatura não se encontra mais apenas nas páginas dos livros tradicionais, é hora de os educadores voltarem sua atenção para a importância de formar leitores para os diversos suportes – da televisão e do cinema às artes visuais e aos aparelhos digitais. Esse é o eixo que, de certa forma, une os artigos de Livros e telas, obra recém-lançada pela Editora UFMG.
“O grande objetivo desse livro é reconhecer e compreender as diferentes formas de apresentação da literatura na contemporaneidade e refletir sobre a formação de leitores na escola e em outros espaços sociais de leitura”, afirma a professora Maria Zélia Versiani Machado, da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG e uma das organizadoras de Livros e telas. Os textos selecionados para a obra foram apresentados na oitava edição do Jogo do Livro, evento organizado pelo Grupo de Pesquisa do Letramento Literário (GPELL), vinculado à FaE.
Maria Zélia acredita que, em tempos de intensa diversificação de suportes, ainda não é possível avaliar o que vai permanecer ou desaparecer. “Novidades como o e-book anunciam mudanças, mas não descartam formas tradicionais de leitura”, ela diz.
Outra crença dos pesquisadores está na versatilidade dos leitores. Crianças e jovens ensinam usos da leitura e da escrita nas telas do computador. “Projetos de formação de leitores devem aproveitar essas habilidades e o gosto especial pela fruição na tela”, afirma Maria Zélia Versiani. “A leitura literária em blogs e sites, por exemplo, pode alimentar a relação com os livros. Não há por que os professores da educação básica agirem com purismo ou movidos pela resistência às novas práticas de leitura.”
Verbal e visual
Esse novo universo literário multiplica as possibilidades de utilização de linguagens diferentes para contar histórias. Para Maria Zélia Versiani, assim como os livros de literatura, as telas exigem dos professores “um olhar que perceba os diálogos entre as imagens verbais e visuais, explicitando a riqueza das diversas linguagens”.
A partir de diferentes pontos de vista, as imagens são assunto de alguns dos capítulos, que se dividem em quatro grandes temas: as mudanças entre livros e telas; mobilidades culturais e políticas entre o impresso e o digital; a formação de leitores propriamente dita e a literatura na TV e no cinema.
Célia Abicalil Belmiro e Mônica Dayrell tratam da leitura literária com crianças e jovens. Segundo as autoras, embora não haja dúvidas de que imagens povoam e constroem o imaginário das crianças, a escola não tem lidado com essas possibilidades de leitura como processos de construção de conhecimento. Célia Abicalil, que integra o grupo de organizadoras da obra, salienta que, ao contrário, muitos professores rejeitam livros cuja narrativa não se baseia no texto verbal. “Dessa forma, desconhece-se o potencial de imagens, sons e gestos para mudar o mundo”, ela diz.
O artigo relata uma experiência de leitura com crianças das séries iniciais do ensino fundamental. Os alunos não apenas começaram a procurar livros de imagens como também relacionaram essas obras com outras de conteúdo apenas verbal. “Isso prova que as imagens não limitam a imaginação, a tão prezada criatividade. Esse trabalho mostrou que diferentes linguagens e suas interações podem produzir formas mais contemporâneas de fazer história. É para isso que a escola deve estar atenta”, afirma Célia Abicalil
Fonte: Boletim UFMG, edição 1737
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