quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Atribuições do Bibliotecário jurídico

Edilenice Passos
A especialidade do bibliotecário jurídico é conhecer as fontes de informação jurídicas e realizar pesquisas na área do Direito. Em geral, desenvolve seu trabalho em escritórios de advocacia, órgãos da Administração Pública, universidades, tribunais. Pode ainda atuar de forma independente atuando como consultor e professor.

Pode exercer tanto o papel de consumidor quanto o de produtor de informação (produsers). No seu papel de consumidor realiza pesquisas e oferece o material localizado ao seu usuário. Na qualidade de produtor de informação cria ou transforma os dados localizados para que satisfaçam às necessidades específicas de seu usuário. Como produtor de informação, o bibliotecário jurídico pode criar e manter portais jurídicos onde seleciona e indica links de páginas web que tragam informação relevante para o usuário. Em outras situações, os dados localizados não estão organizados de maneira amigável ou não estão forma solicitada pelo usuário, o bibliotecário jurídico, então, pode criar quadros ou tabelas para organizar a informação, sempre indicando a fonte original, para colocá-la no formato solicitado pelo usuário.

Para a realização do seu trabalho, é importante que o bibliotecário jurídico conheça profundamente as fontes de informação: bases de dados, dicionários, coleções de leis ou de jurisprudência, catálogos de bibliotecas, bibliografias, lista de discussão, entre outras. Mas, acima de tudo, é imprescindível que o bibliotecário jurídico tenha noções de Direito, que conheça seu vocabulário específico e possa “negociar” com o usuário o pedido de pesquisa.

O trabalho principal do bibliotecário jurídico é a localização de informações dentro do universo do Direito, que compreende a legislação, a jurisprudência e a doutrina. Entretanto, existem outras atividades que podem ser desenvolvidas:

Disseminação seletiva da informação – no caso da informação jurídica não se restringe apenas aos textos publicados em periódicos especializados, mas também é preciso informar e fornecer textos de novas normas jurídicas que são publicadas diariamente, assim como da jurisprudência que é produzida nos tribunais brasileiros.

Educação do usuário – as bases de dados não são simples de pesquisar. Como foram desenvolvidas de forma independente, cada uma delas possui um formato diferente, um vocabulário próprio. O bibliotecário jurídico pode oferecer aos usuários a oportunidade de aprender a dominar essas bases de dados.

Criação de fontes de pesquisa – sabedor das necessidades de informação de seus usuários, o bibliotecário jurídico pode criar um catálogo ou sítio na internet que reúna informações que são utilizadas de forma recorrente. Noutras situações, pode reunir a legislação e/ou a jurisprudência e/ou a doutrina relativa aos assuntos de interesse de seus usuários.

Pesquisas de legislação estrangeira – em algumas situações, o bibliotecário jurídico pode indicar ao usuário legislação estrangeira sobre o assunto que ele pesquisa.

Pesquisas não-jurídicas – nem só de pesquisa jurídica vive o bibliotecário jurídico, em muitas situações o usuário necessita de outros tipos de informações para a conclusão dos seus trabalhos. O bibliotecário jurídico necessita conhecer outras fontes de pesquisas para suprir essas necessidades dos usuários.

Pesquisas legislativas – a pesquisa por informação legislativa, que deve ser entendida como informações geradas durante o processo legislativo, e, portanto, não pode ser confundida com informação jurídica, muitas vezes é necessária. O usuário pode querer conhecer o projeto de lei que deu origem à norma e/ou querer tomar conhecimento da justificativa ou exposição de motivos do autor da proposição legislativa. O bibliotecário jurídico deve ter conhecimentos para sobre o processo legislativo e as fontes de informação legislativa para realizar com precisão a pesquisa solicitada. Normalmente, essas fontes de informação não estão incluídas nos currículos dos cursos de graduação. Mas, o bibliotecário jurídico deve procurar se inteirar sobre a matéria. A Câmara dos Deputados disponibiliza em seu site, http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/processolegislativo, uma ferramenta chamada Conheça o processo legislativo, onde há um fluxograma simplificado do processo legislativo e um vídeo sobre o assunto. Da mesma forma, disponibiliza um glossário em : http://www2.camara.gov.br/glossario.

Pesquisas orçamentárias – ter conhecimentos básicos sobre a composição do orçamento da União e/ou dos entes federativos é indispensável, pois em várias ocasiões, o bibliotecário jurídico é chamado para fornecer dados do orçamento público. Da mesma forma que a informação legislativa, a informação orçamentária não ensinada nos cursos de Biblioteconomia, mas isso não deve impedir o bibliotecário jurídico de conhecer a matéria. O Senado Federal, por intermédio da Consultoria de Orçamentos, disponibiliza uma ferramenta muito útil e didática chamada Processo Orçamentário passo a passo, em http://www9.senado.gov.br/portal/page/portal/orcamento_senado/ProcessoOrcamentario, que oferece informações básicas sobre o assunto.

O mais importante é que o bibliotecário jurídico esteja atento às necessidades de informação dos seus usuários e se mantenha alerta para localizar e fornecer, de forma pró-ativa, todo e qualquer tipo de informação que possa embasar o trabalho dos seus usuários. A participação em listas de discussão, a educação continuada e a participação em eventos da área são formas de se manter atualizado sobre novas fontes de informação para continuar atendendo os usuários de forma rápida e eficaz.

 Este texto foi elaborado por Edilenice Passos especialmente para publicação no Fontes
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4 comentários:

  1. Muito bom saber as atribuições do Bibliotecário jurídico, que não são poucas como vemos, bem como saber que existem ferramentas que possam auxiliá-lo, no que se refere à pesquisa orçamentária e legislativa, visto que não estas não estão inclusas nos currículos dos cursos de Biblioteconomia, como bem ressalta Edilenice Passos. Posso falar que estamos tendo grande oportunidade de conhecer mais sobre essa área de atuação do Bibliotecário, e Edilenice, como uma conhecedora do assunto está nos permitindo isso, através de sua boa vontade e disponibilidade, que desde já agradecemos.

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  2. A gestão do conhecimento jurídico exige do profissional bibliotecário aptidões biblioteconômicas e vasta experiência na área jurídica como relata a Edilenice Passos e é também a minha opinião.O estudo contínuo é essencial para adquirir competências que possibilitem criar, gerar, armazenar, distribuir e utilizar o conhecimento de forma a satisfazer as necessidades dos usuários, que desta área são muito exigentes, pois, sabem exatamente o que querem.
    O texto é esclarecedor sobre as atribuições do bibliotecário jurídico, obrigada Edilenice por sua contribuição ao nosso blog.

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  3. As necessidades informacionais dos usuários são as mesmas em todos os lugares. O que me leva a crer que o bibliotecário também é o mesmo.
    Ma, as nossas competências são diferenciadas a cada nova realidade. O que faz de nós bibliotecários “mutantes”, seres competentes, mas muitas vezes silenciosos que escondem todo o seu potencial. O meu respeito à essa classe só faz crescer a cada dia.

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  4. Olá bom dia, estou procurando um curso de Bibliotecário Jurídico, alguém pode me indicar algum?? Pode ser curso on line.
    Obrigado

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